Para quem é: viajantes do Rio de Janeiro (e de qualquer lugar) que vão para destinos com floresta, rios, trilhas e comunidades ribeirinhas.
Objetivo: reduzir riscos de infecções, atualizar vacinas e organizar um plano de cuidado antes, durante e depois da viagem.
Quando procurar consulta: idealmente 4–8 semanas antes da partida para revisar vacinas e montar seu plano individual. Se faltar tempo, ainda vale uma avaliação rápida.
1) Vacinas: o que conferir antes de ir
- Calendário do adulto em dia: Hepatite B, dT (difteria-tétano), tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola), influenza e Covid-19 conforme indicação atual do Ministério da Saúde.
- Febre amarela: indicada para quem vai às Áreas com Recomendação de Vacinação (ACRV), que incluem a Amazônia Legal (ex.: Amazonas e Pará). Tome a vacina pelo menos 10 dias antes da viagem. O CIVP (certificado internacional) vale por toda a vida e hoje pode ser emitido on-line via gov.br/Conecte SUS.
- Regra internacional (OMS): a proteção é vitalícia e o certificado passa a valer 10 dias após a aplicação.
Dúvida sobre elegibilidade ou contraindicação (alergias, imunossupressão, gestação)? Avalie em consulta — individualizamos caso a caso com base em diretrizes oficiais.
2) Principais riscos infecciosos na Amazônia (Manaus, Pará e região) e como reduzir
2.1. Arboviroses: dengue, zika, chikungunya
- Use repelente com DEET, icaridina (picaridina) ou IR3535 nas áreas expostas e reaplique conforme o rótulo. Protetor solar antes, repelente depois. Roupas claras, mangas compridas, telas e ar-condicionado ajudam.
2.2. Malária
- No Brasil, a regra é não indicar quimioprofilaxia rotineira para viajantes; foque em evitar picadas e em acesso rápido ao diagnóstico se tiver febre durante a viagem ou até 30 dias após o retorno (especialmente após entardecer/noite em áreas ribeirinhas e de mata).
- Qualquer febre após a Amazônia é motivo para consulta imediata e teste para malária (não se automedique).
2.3. Febre de Oropouche
- Vírus transmitido por insetos (maruim). As medidas são as mesmas de repelente e barreira física. Procure atendimento se tiver febre, dor no corpo e cefaleia após exposição.
2.4. Leishmaniose tegumentar
- Transmitida por flebotomíneos (mosquito-palha), mais ativa no entardecer/noite em áreas de mata. Prevenção: repelente, roupas compridas e pernoitar em locais com tela/mosquiteiro.
2.5. Leptospirose
- Evite entrar em igarapés/alagados após chuvas, marchas em lama e água de enchente sem bota impermeável. Após exposição, fique atento a febre, dor nas panturrilhas e icterícia e procure serviço de saúde (profilaxia antibiótica não é rotina para viajantes).
2.6. Raiva
- Não toque em morcegos, macacos ou animais silvestres. Para atividades de espeleologia, acampamentos longos ou trabalho em áreas remotas, podemos considerar vacina pré-exposição em avaliação individual. Qualquer mordida/arranhão exige lavagem imediata e profilaxia pós-exposição.
2.7. Febre maculosa (se você inclui trilhas/rios no Sudeste/Centro-Oeste — ex.: RJ serrano, SP, MG)
- Evite capim alto, use calça dentro da meia/bota, roupa clara e revise o corpo para carrapatos; remova com pinça.
2.8. Água e alimentos
- Beba água tratada/engarrafada, evite gelo de procedência duvidosa, prefira alimentos bem cozidos e frutas que você mesmo descasca. Essas medidas reduzem diarreia do viajante e hepatite A.
3) Roteiro rápido por destino
Manaus e entorno (AM):
- Vacina de febre amarela (≥10 dias antes), repelente dia e noite, dormir com mosquiteiro em lodges de selva, atenção a malária/oropouche e leptospirose em cheias.
Pará (Belém, Ilha do Marajó, Alter do Chão):
- Febre amarela atualizada, repelente constante; redobre cuidados ao entardecer (leishmaniose) e após chuvas (leptospirose).
Amazônia ribeirinha/expedições fluviais:
- Planeje acesso a saúde (postos ribeirinhos/tempo de deslocamento), kit básico, repelente e pernoite com telas. Em febre: testar para malária sem atraso.
Precisa de um plano personalizado para o seu roteiro (hotel urbano × selva × barco)? Agende uma teleconsulta — ajustamos vacinas, risco de cada parada e o kit de viagem.
4) O que levar no kit do viajante
- Repelente (DEET/icaridina/IR3535) + mosquiteiro ou tela portátil.
- Protetor solar, antialérgico, antitérmico/analgésico, antisséptico, curativos.
- Sais de reidratação oral, probiótico simples (opcional), termômetro.
- Condoms e plano de PEP/PrEP conforme risco sexual — discutimos em consulta.
- Cópia do cartão de vacinas e, se preciso, CIVP.
5) Pós-viagem: quando procurar atendimento
- Qualquer febre até 30 dias após retornar de área amazônica → avaliação imediata com teste de malária; se houver dor de cabeça intensa e exposição a carrapatos, considerar febre maculosa; se houve contato com água de enchente, considerar leptospirose. Não atrase.
6) Perguntas rápidas
Preciso tomar “remédio para malária” antes de ir?
Na maioria dos roteiros pela Amazônia brasileira não se indica quimioprofilaxia; priorize repelente e acesso rápido a diagnóstico. Decisões especiais só em avaliação individual.
Com quantos dias devo tomar a vacina da febre amarela?
≥10 dias antes da partida; o certificado (CIVP) vale para toda a vida.
Posso emitir o CIVP on-line?
Sim. Hoje o processo é digital pelo gov.br/Conecte SUS.
7) Quando faz sentido marcar consulta de Medicina do Viajante
- Roteiros com selva, rio e trilhas (Manaus, Alter do Chão, comunidades ribeirinhas).
- Gestantes, crianças, idosos ou viajantes com doenças crônicas.
- Quem precisa de CIVP ou revisão de vacinas e PrEP/PEP.
Atendo no consultório em Botafogo (Rio) e por telemedicina para todo o Brasil e exterior. Se quiser, já deixo seu checklist pronto e as receitas necessárias.
Avisos importantes
- Este guia segue orientações do Ministério da Saúde e OMS, mas não substitui consulta médica. Cada roteiro tem riscos específicos.
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Próximo passo: se você vai para Manaus, Pará, Amazônia ou destinos de natureza, agende sua consulta. Em 50 a 90 minutos organizo suas vacinas, prevenção de picadas, kit e plano de ação para febre na viagem junto com você.
Dra. Renata Beranger — Infectologista (Botafogo e Barra da Tijuca – Rio de Janeiro) | Telemedicina Brasil e exterior
Fontes-chave: Vacinação do viajante (MS) Serviços e Informações do Brasil+1 • CIVP (Anvisa/MS) Serviços e Informações do Brasil+1 • Malária em viajantes (MS) • Repelentes (Anvisa/CFF) CFF • Leptospirose (MS) Biblioteca Virtual em Saúde MS • Leishmaniose (MS) Serviços e Informações do Brasil • Febre maculosa (MS) Serviços e Informações do Brasil • OMS/Regulamento Sanitário Internacional (febre amarela) Organização Mundial da Saúde